quinta-feira, junho 25, 2009

hermetismo

há silêncios
que doem
com os seus presságios
negros significados
dúvidas
esperas
medos a estilhaçar

silêncios que vêm
de muito longe
de um sentir
que pesa
arranha
dilacera
sem nunca cicatrizar

um estrangulado desespero
nenhum sítio onde aportar
angústia colada à alma
um morrer devagar

AMS

sábado, junho 13, 2009

Rente à dor

Estremeço só de pensar
Que sobre ti pende o silêncio definitivo,
Amargo, sem comprimento,
E que para te encontrar não será suficiente
Atravessar o teu nome, agarrar a tua mão.
Estremeço só de pensar
Que nunca mais a tua voz me acalmará,
Congelando-me o medo e os erros,
Tocando-me o coração sem punições,
Sem o peso mudo e frio de uma pedra.
Estremeço só de pensar
Que virá um amanhã, um qualquer
Lugar, um momento sem ti.

AMS

quarta-feira, junho 10, 2009

...

Não choro a vida,
o amor, a morte.
Choro-te.

AMS

quinta-feira, junho 04, 2009

Contra a luz

Nunca supus que o teu coração fosse
um lugar tão gélido, tão às cegas,
de céu desmoronado, de tempo
destruído, de noites, de vazios.
A tua vida, já sem a estrela do primeiro
sonho, narra a tua funda solidão e essa
pressa de chegar ao diminuto, ao nada.
Vejo-te fechar, com pressa, a espontânea
- mas humana - sede de luz e de calor
como se bastasses a ti próprio.
Prescindiste, há muito, do simples valor
das coisas, num tédio que te lança
ao seco sono de breves sentidos.
E, como um demente, vais deixando
apodrecer os frutos que não colhes,
esquecendo que a vitória não se ganha por
capricho mas lutando com grandeza.

AMS