quinta-feira, dezembro 27, 2012

De mim para o Pedro


Este período natalício teve realmente um outro sabor. É verdade que não foi época de grandes prendas já que funcionário público bem disciplinado obedece cegamente ao lema do patrão – austeridade, muita austeridade, rosário e genuflexões. Titubeantes e mirrados, mas orgulhosamente ao lado da Troika, do Gaspar, do Coelho, do Relvas, do Portas e… da Laura.

Dito isto, e porque não quero gastar muita tinta pois no poupar está a origem das grandes riquezas, passo a explicar a razão do meu legítimo contentamento. Esta alegria, este júbilo, este êxtase devem-se, na totalidade, à generosidade do Pedro e da Laura, um casal unido por um objetivo comum: exaltar sacrifícios (os do povinho, claro) e intensificar a ideia salvadora de que nós, portugueses, estamos no bom caminho… consoante os dias, as horas e a inspiração do Gasparzinho.

Parte final: sinto-me numa encruzilhada. Respondo ou não respondo à sua mensagem facebookiana de boas festas? Se por um lado estou convicta de que o ideal do Pedro está às avessas, isto é, entra em rota de colisão com a minha opinião e a de milhões de portugueses, por outro, manda a mais elementar regra de boa educação que responda às suas efabuladas palavras.

Assim, desejo à Laura um 2013 tão afunilado como o nosso, em consonância, aliás, com os ideais do marido, e ao Pedro ( que não é o Grande) envio o meu desejo imenso de desforra, ou seja, a queda, sem rede, das acrobacias do seu governo.

Sinto, logo existo,

Ana



quarta-feira, dezembro 26, 2012

The house of life




Como Rossetti resgatando a dádiva do amor
verso a verso ao corrupto corpo
de Elisabeth Eleanor, o escritor
é um ladrão de túmulos. E é um morto

dormindo um sono alheio, o do livro,
que a si mesmo se sonha digerindo
sua carne e seu sangue e dirigindo
a sua mão e o seu livre arbítrio.

Quem construiu a sua casa? Quem semeou
a sua vida, quem a colherá?
Nem a sua morte lhe pertence, roubou-a
a outro e outro lha roubará.

Toma, come, leitor: este é o seu corpo,
a inabitada casa do livro,
também tu estás, como ele, morto,
e também não fazes sentido.

                                                       
Manuel António Pina

sábado, dezembro 22, 2012

De nós para os outros





Quando o gesto,

 o sorriso, o silêncio

dispensam qualquer palavra,

porque se abrem para os outros

como vasos comunicantes,

 é sempre Natal.


AMS

domingo, dezembro 02, 2012

Trago os sonhos no olhar