terça-feira, abril 29, 2008

Manobras de diversão

Aquilo no PSD já só vai a tiro de morteirada. Os titulares, habitualmente apelidados de barões, acorreram, pressurosos, a apoiar Manuela Ferreira Leite enquanto que, na Madeira, Alberto João Jardim apela às bases e aos militantes patriotas. Claro que, no PSD, militante que se preze vem sempre acompanhado de um qualquer tabu e, desta forma, o famigerado político madeirense só desvendará a 15 de Maio - será na cova de Eiria? - a sua opção de salvar ou deixar morrer o partido do seu (des)contentamento. Até lá, a incerteza reinará no coração dos portugueses. Não no da maioria das portuguesas, claro. Que esse, ainda que céptico e desiludido, está com Santana Lopes, o tal que nunca deixou de andar por aí. O meu, cansado das buscas de um tempo por alcançar, inclina-se mais para Pedro Passos Coelho ainda que lhe falte, dizem, a experiência no terreno. Entre a repetição artificial de gestos e discursos e uma dose de inexperiência sem safadezas e encenações prefiro, sem a mínima dúvida, a segunda hipótese. Quanto a Patinha Antão, o nome já se encarregou de o retirar da corrida. É lá possível imaginar que o primeiro-ministro de Portugal se possa chamar Patinha?!
- Em quem vais votar? No Sócrates ou no Patinha?
- Num sei... carago...
- Antão, bota no Jerónimo.
- Tira a patinha da chuva, que nesse num boto.
Diz o povo que o que lá vai, lá vai. E, todavia, parece que, no PSD, o que deveria ter ido, afinal, nunca foi e dificilmente irá. Os Jardins nunca irão. Os Santanas sempre estarão por aí. Os barões só iriam se fossem exterminados. O esvaziamento político nunca, como agora, esteve tão presente.
Foi, isso sim, a credibilidade. O debate combativo de ideias. Até mesmo uma certa consciência democrática que não puxa de cordéis e não funciona por detrás dos bastidores.
A esperança, também diz o povo, é a última a ser enterrada. Mas que parece estar a morrer, parece.

AMS

sexta-feira, abril 25, 2008

Abril que não é

Era Abril

Os homens seguravam uma flor
Que germinara da raiva e da opressão.
No olhar um clarão de madrugada,
Na alma o rubro cálice do sonho
Feito verde, feito chama,
Jorrando brisas, asas, liberdade.

É Abril

Os homens carregam na memória
A seiva, a madrugada, a liberdade.
E na alma, sem voz, sem eco, sem alento,
A esfarrapada mágoa e o desalento
Do sonho assassinado,
Sem força, sem grandeza, sem vontade.

AMS