Círculos
Homem, olha-te e vê – não há tempo seguro,tudo fica aquém das vitórias que sonhaste,
em voz fácil e gasta,
porque não ousaste varrer a imensa
poeira repetida, com vontade e gesto audaz.
Ontem, talvez fosse o tempo das brisas,
da semente transformada em fruto,
do esplêndido e do infinito.
Mas ontem não foi tempo nem a hora.
Desperdiçaste-os.
Hoje, réstia de momentos não aproveitados,
as brisas estão quedas, os frutos murcharam
e o belo, que te fundia com o céu,
transformou-se em nevoeiro opaco e imóvel.
Homem, crê – há o chegar e há o partir,
mas nada acaba sem ter começado.
AMS