terça-feira, maio 16, 2006

Indecifrável


Não meças a minha alma
Pelo que não mostro
Nem digo.

Tenho o coração gasto
- E amargo também -
De tanto se refugiar na própria sombra,
De ser choro baixinho
Navegando, sem tino,
Contra a maré.

Perdeu-se, perdi-me
No logro, indiferente, dos que passaram,
- Mas não ficaram -
Mascarados de luminosa perfeição
Com que se ilude um coração.

Esta alma, que é a minha,
- Ora terna, ora agressiva,
Selvagem, orgulhosa,
Humilde, receosa -
É como uma mão fechada
Que se abre, sem se ver,
Àqueles que a queiram ler.

Não meças a minha alma
Pelo que pensas saber,
Mas não sabes entender.


AMS