Oxalá
O desencanto dos portugueses aumenta diariamente. Falta-lhes já ânimo para reter a esperança condicionada a um subtil - mas contínuo - esvaziamento de promessas e futuro.Quando se é governado por um homem para quem manifestações de 200 mil pessoas são iguais às de umas centenas de acólitos do governo; quando a corrupção se estende como um prelúdio ao muito do que ainda estará para vir; quando o "maior" partido da oposição decide ter como líder uma péssima ministra da educação e uma não melhor ministra das finanças que, ao fim e ao cabo, nada mais promete do que uma mera clonagem das políticas do PS; quando os políticos, acorrentados a interesses, ao conluio e ao poder, pavoneiam pelos gabinetes e corredores a incompetência e o descrédito; quando, enfim, os mais carenciados são insistentemente abafados por um preciosismo tecnológico que raia o caricato, só resta mesmo virarmo-nos para a selecção. Ainda que encharcados em banalidades que vão desde as constantes reportagens relativas à chegada, à partida, ao descanso, ao despertar, aos gostos e às ementas dos jogadores até ao folhetim Cristiano Ronaldo cheio de salero, olés e euros. Muitos euros.
É certo que este sonho de tantos e tantos portugueses pode transformar-se em pesadelo. Que o orgulho e a euforia podem desaguar num mar de desalento, humilhação e revolta. Mas, para quem já nada tem, o pouco parece muito e o quase parece tudo.
Oxalá, Scolari! Boa sorte!
AMS