Não morre quem tiver por lema/fazer de cada homem seu irmão. - António Arnaut
Que importa que bocas famintas,mãos regeladas, seios mirrados,
gemidos que se arrastam
num estertor de prece inútil,
(pontuando de dor este poema)
caiam, pulverizados, como leve reminiscência
na memória colectiva, face a uma Humanidade
entorpecida, vestindo a razão da força?!
É claro que nada disto tira o apetite
aos que não sentem a tragédia dos que tombam
ceifados por armas inteligentes,
controladas por homens igualmente inteligentes
que, hábeis missionários, pregam que a guerra
estreita as relações entre os povos - vivos ou mortos.
Mas o véu da morte,
as vidas lançadas para a beira-dor,
os esquifes contendo sangue inocente,
nada disto impede
que atrás de uma voz que cai,
outra se levante e alastre
(como a semente no ventre da terra)
em toda a longitude da palavra esperança.
AMS