quinta-feira, setembro 14, 2006

Um Perfeito Doido

Estendia-se o doido em loucos relvados
Longos os braços, alvos, depenados,
Olhos de raposa vislumbrando demónios alados.

A erva envolvia-lhe os cabelos.
Agora, já não tinha pesadelos.

Os demónios poisavam-lhe no peito.
Ele acolhia-os com respeito
E fazia das lágrimas deles o seu leito.

Nadava o doido entre duas dunas.
Decifrava cifras, decifrava runas.

Quando o sol se pôs,
Ergueu os braços e voou qual albatroz.
Doidos somos nós...

Fernando Henrique de Passos