Um Perfeito Doido
Estendia-se o doido em loucos relvadosLongos os braços, alvos, depenados,
Olhos de raposa vislumbrando demónios alados.
A erva envolvia-lhe os cabelos.
Agora, já não tinha pesadelos.
Os demónios poisavam-lhe no peito.
Ele acolhia-os com respeito
E fazia das lágrimas deles o seu leito.
Nadava o doido entre duas dunas.
Decifrava cifras, decifrava runas.
Quando o sol se pôs,
Ergueu os braços e voou qual albatroz.
Doidos somos nós...
Fernando Henrique de Passos