quinta-feira, setembro 21, 2006

uma pedra ao lado da evidência

Às vezes uma palavra toma-me
de assalto a frase; ou por tolo?
Olho-a muito: dissipa-se,
e a lacuna fica em órbita,
rondando o poema.
Palavras só as mais altas, digo,
as que põem ao teu alcance o silêncio.
Porém, um discurso político
escorre a acuidade dos meus sentidos.
No desdém há ainda, cativo, um perfil.
No ódio, uma paisagem siciliana.
Mas, a um d.p., vejo isto:
uma pedra ao lado da evidência.
Lázaro levanta-se e caminha? Não.
É a estátua da nossa perplexidade,
enfim volante, abandonando a praça.


Sebastião Alba