terça-feira, novembro 20, 2007

Todo-o-Terreno

Nunca apreciei pessoas 'todo-o-terreno'. Daquelas que são hábeis no cultivo da popularidade porque nunca se definem e estão sempre de bem com Deus e com o Diabo. Num primeiro momento, seduzem; todavia, e porque tudo o que é em excesso tende a enjoar, acabam por não convencer, revelando fraqueza e incompletude de carácter.
É relativamente fácil viver com a percepção de que alguém não gosta de nós, sobretudo se esse alguém não nos suscita a mínima simpatia e admiração. Como o risco de desilusão é praticamente nulo, o mais provável é habituarmo-nos, situando essa realidade no plano das coisas sem importância.
Ao invés, se a decepção que nos atinge tem a sua origem na fonte que nos inspirava afecto, confiança, respeito, vacilamos, aturdidos, incapazes de compreender aquele universo afinal tão estreito, tão mistificado. E definhamos, sentindo que a amizade pode ser um simulacro. Um desperdício.

AMS