sábado, outubro 14, 2006

Festejos

Hoje, vou vestir um ar folião,
Usar um sorriso de ocasião,
Engomado, disfarçado de alegria,
Daqueles que cativam os que adoram falsidades,
Cópias banais, dúbias verdades,
Irresistivelmente pintado a carmesim,
Dizendo que sim, dizendo que não,
Conforme o tempo e a ocasião.

Hoje, vou ataviar os olhos de miopia,
Ver baço ao perto, ignorar ao longe,
Adoptar uma oportuna filosofia
Sem moral, mas transbordante de amor,
Daquele que se diz universal,
Bem mais folclórico, sensacional,
Do que simples gestos de afecto
Sem aparato, sem esplendor.

Hoje, enfim, num stript de verdade crua,
Daqueles que não têm ovação, nem censura,
Vou enfrentar o espelho, mirar, contemplar
A ingrata condição humana,
E, ensaiando abraços e beijos,
Como um profissional de hipocrisia,
Num gesto único de folia,
Qual comédia real e pervertida,
Fundir a máscara com a vida!

AMS