terça-feira, novembro 28, 2006

rio de. rio com.

Decidi não voltar a indignar-me. Pois é. Decidi não voltar a “empanturrar-me” de insignificâncias. Decidi que, a partir de agora, vou terminar com as lamúrias do costume sempre que me deparo com certas historietas de cordel, com certas atitudes bizarras e inexplicáveis, próprias de mentes puerilmente inconsistentes . E vou rir. Rir de tudo o que me magoou. Rir de determinadas ficções, injustificáveis delírios, maquiavélicos pretextos de ocasião. Cansei de ser o grilo maçador sempre pronto a arranjar desculpas para as encruzilhadas e oportunismo de alguns, para a minha cobardia, para a minha estupidez. E vou passar a rir com vontade. Tórridos sorrisos em vez de lágrimas.
Não é uma boa receita? Rir de. Rir com.
Rir faz bem. Alivia a alma. Rejuvenesce. Aquece o coração. Por isso estou a escrever este texto quase que em jeito de homenagem, agradecimento. Acabaram-se os esgares torneados a pincel carmesim. Algumas atitudes, algumas pessoas merecem mais do que isso. Merecem uma boa gargalhada, daquelas que dão um brilho radioso ao olhar. Fico a dever a alguns o final triunfante que encontrei para todo este folhetim que, em lugar de ser um frio e austero "requiem", passou a comédia hilariante, uma espécie de fait-divers.
Hoje, a decepção veio despedir-se. A alegria passará a substituir a tristeza e nada será em vão. Ponto final às recriminações. Ponto final a noites mal dormidas, a lágrimas incontidas. Ponto final ao desencanto. Como o alívio é grande. Saboreio os tempos que hão-de vir com um sorriso aceso e feliz. Sem interesses lusco-fusco . Sem contrapartidas. Talvez até por instinto. O instinto de quem sabe que não tem sabor nenhum viver sozinho, longe dos outros, na iminência adiada de um pouco de ternura. Assim, a vida tem sentido. Deixa de ser um céu azul magoado. Passa a ser o céu azul.
Rio de. Rio com.

AMS