domingo, março 12, 2006

Enigma

Entre mim e o meu passado
há uma ponte de rostos pressentidos,
desbotados, mal vividos,
como um enigma a decifrar.

Percorrem-me em ilhas tocadas
de morte espessa,
entram na minha mente
com a linguagem muda da distância,
tudo remexendo,
no fogo disperso das sombras,
expondo, na curva das recordações,
uma saudade difusa,
quase mórbida,
mas que me prende
e comove.

Do outro lado da ponte,
há fantasmas que urge esquecer,
imagens deformadas
circulando na nervura da ilusão,
tristezas gravadas
na imensidão do nada,
sonhos traídos
que fazem parte de mim,
dos meus sentidos.

Do outro lado da ponte
há alguém.
Sinto-o.
Só não sei quem.

AMS