quarta-feira, novembro 15, 2006

Dancemos um tango

Indigno-me! Ainda me indigno com os profissionais de rábula comodamente refestelados na sintaxe balofa da demagogia desenfreada e impune. Usam o povo como um cavalo domado e montam-no, descaradamente, para alcançar o poder. Falam, sem dizer nada, nas tribunas burlescas dos comícios e pavoneiam-se na televisão como artistas de circo. Invocam o nome de Portugal, mas não lhe conhecem a História nem os sonhos.
Indigno-me contra a mediocridade triunfante que suga, com felina verocidade, a seiva dos dias, deixando-nos vazios de esperança. Indigno-me! E protesto , desejando levantantar a voz à altura máxima da indignação perante tanta aleivosidade .
Mas fico só, desolada, na praça do meu descontentamento. E calo-me. Quando as palavras são moeda falsa, só o silêncio dá corpo à nossa indignação.
Vivemos num tempo de apagada e vil baixeza. Somos esmagados pelos limites mesquinhos de consciências de renda ilimitada e por um atordoamento que parece mumificado.
Outros dias virão, certamente... Como dizia Torga - "A esperança tem sempre tempo".
No entretanto, que podemos nós fazer? Como diriam certos politicotes: dancemos um tango!

AMS