Até breve, Sónia!
Não vou escrever palavras que arranhem a alma. Da minha tristeza sei eu e sabes tu. A verdade é que a vida tem destas coisas e há que encontrar receitas para sararmos da ausência e da saudade. Contas feitas, minha amiga, Paris é já ali, mesmo ao virar da esquina...Claro que nada substituirá as nossas - pequenas - discussões, os nossos amuos - mais meus - e as tardes de lamentos, mas que acabavam sempre numa boa dose de gargalhadas.
Vais fazer-me muita falta. A quem contar as minhas "desventuras", a minha tendência para declinar, em todas as pessoas, a expressão "não sou capaz", os meus "ódios" de estimação, o desconsolo de certos dias enfadonhos, a angústia de ter de frequentar espaços que travam a espontaneidade e a imperiosa necessidade que todos temos de comunicar e partilhar?! Espaços vazios. Tão vazios que assustam.
É, contudo, forçoso que partas. Que as noites de nevoeiro dêem lugar a manhãs radiosas e que um futuro risonho esteja cada vez mais perto de ser um hoje.
Assim, Sónia, nunca desistas de tentar transformar a vida e de a controlar, na medida do possível, a teu favor. Eu estou contigo. Com vocês - é óbvio que o Makram também tem tempo de antena, neste textito.
Boa sorte para os dois, mas... cuidado com os "pigeons". Se há decisões redentoras, a vossa, creio, foi uma delas. Sim, que essa história de ficar em fila indiana, resignados e suspensos do que pode não vir, não combina com a coragem e determinação dos meus aventureiros amigos.
Vá lá, não percas tempo. Corre para não perderes o avião.
Um beijinho e um sentido - já saudoso - abraço da amiga
Ana