terça-feira, março 06, 2007

A propósito de uma corrida...

A conversa estava animada, divertida - como sempre, aliás. O tema tinha a ver com a Corrida da Mulher de 2007. É certo que, mal começa a aproximar-se o bom tempo, o país, no feminino, começa, de uma forma obsessiva-compulsiva, a preocupar-se com a forma, tentando desabrochar, alisar e muscular o que, durante o Inverno, secou, plissou, amanteigou. Neste caso, porém, os motivos da corrida distanciavam-se do tonto - mas sempre eterno - desejo de copiar as beldades dos anúncios publicitários. Solidariedade e incentivo à prática desportiva eram a base de sustentação daquela generosa iniciativa.
Voltemos, contudo, à hilariante palestra. Os “a favor” eram unânimes. As mulheres inscritas, uma mistura de Jeanne d’Arc e Marie Antoinette, aplaudidas com admiração e entusiamo. A certa altura, um dos intervenientes - dono de um acutilante espírito crítico e de uma simpatia imbatível, perguntou-me: - Já estás inscrita? Um acontecimento destes requer uma participação em massa… Tartamudeando, tentei desculpar-me com os clichés habituais - Sim, alguém me tinha inscrito… No entanto, a ausência de uma rotina de exercício físico… o não possuir, no momento, fato de treino - ocultando que uma amiga já me tinha emprestado dois - uma pertinaz alergia à chuva e o receio de o meu coração - tão frequentamente sujeito a "hiperventilações" - não aguentar uma maratona de cinco extensíssimos quilómetros eram razões de sobra para, muito dificilmente, poder participar na corrida.
O meu interlocutor não desarmou. A minha fonte de lamúrias mais parecia uma bola ricocheteando. Senti-me miseravelmente mesquinha ao ouvir - Ajudar na luta contra o cancro é um dever de todos nós. Eu, quando houver uma corrida dos homens com próstata, participarei sem dúbios pretextos.
Uma corrida dos homens com próstata???!!! – repeti, incrédula e divertida.
Caríssimo amigo - que muito aprecio - sei que o que disse não correspondia ao que pretendia dizer. Mas tenha cuidado. Com toda essa boa vontade, não será difícil imaginá-lo a participar numa corridas dos homens/mulheres… que perderam a cabeça. E há tantos/as…

AMS

Nota: Como o amigo/colega “exigiu”, remeti-me ao silêncio no que respeita à sua identidade. Tarefa árdua, convenhamos.