domingo, fevereiro 18, 2007

Se é Carnaval, ninguém leva a mal

Eu, no fundo, sou muito romântico.
Gosto das mulheres por todas as razões e não apenas pelos
seus seios, pelo seu rabo...
Gosto muito de mulheres.
Está-me no sangue.

As mulheres não entendem isso.
Complicam as coisas.
Mas estão sempre a perguntar:
- Mas tu não me amas, pois não?
É claro que não.
Mas não lhes podemos dizer.
Se o disséssemos, elas deixavam logo de nos amar. Era imediato.

Se uma me pedir:
- Quero que subas até ao 10º andar pelas escadas e de lá do alto quero que grites que me amas; se uma mulher me pedir isso é claro que eu não vou subir a lado nenhum, nem gritar nada – que não sou de gritos – mas de certeza que lhe vou dar um beijo.
E elas não resistem a isto.

Sou romântico, mas não sou palerma.
Subir até ao 10º andar por causa de uma mulher?
Nem pensar.

O amor é lixado.
Quando começamos a apanhar-lhe o ritmo, ele muda de ritmo.
É 1 palerma, o amor!
Ou é muito lento, ou é todo apressadinho.
E nós sempre com os mesmos pés.

O amor é um palerma!

Gonçalo M. Tavares
O homem ou é tonto ou é mulher



- Tu és parva ou quê? Onde se viu tamanho disparate?!
- Mas…
- Não há mas nem meio mas… Já te conheço. Conheço-vos a todas…
- Mas…
- Não digas mais nada! Só dizes parvoíces. O que te vale é eu ser um homem dialogante, caso contrário a coisa piava fino…
- Mas…
- Já disseste tudo o que tinhas a dizer. Que falta de senso. A mim não me enganam. Aprendem todas pela mesma cartilha. A da mãezinha, a da avozinha, a da amiguinha… Irra!
- Mas…
- Mas… agora falo eu! Não digas mais uma palavra! O que se te meteu na cabeça para inventares que eu – um escravo do dever e do respeito – tinha um caso com a minha secretária? Eu sou lá homem para reparar nas saias curtas que ela usa?! E queres saber mais? Se me perguntares a cor dos olhos, sei lá se são castanhos e que têm umas pintinhas, muito atraentes, cor de mel… Sou um homem respeitador e, acima de tudo, ín-te-gro!
- Mas…
- Não digas mais asneiras! Cala-te! Porque cheguei mais tarde e esqueci a gravata no escritório foi preciso armar todo esta feira?! Já imaginaste o que é estar debruçado… quero dizer… sentado... naquela secretária, estudando montanhas de dossiers, horas e horas a fio? O calor, o suor, a energia gasta… Ingrata! Ingrata e estúpida!
- Mas…
- Acabou-se o diálogo! Para neuróticas deprimidas – e deprimentes - tirano com chicote, já dizia o meu pai. Não ouço mais os teus argumentos, as tuas palavras mesquinhas e cimentadas de desconfiança. Sem razão! Sem razão! Vou-me deitar. Estou esgotado. Ouviste? Es- go- ta- do!
- Mas…
- Deixei de te ouvir. Desliguei. Quem semeia ventos, colhe tempestades. A questão essencial é: ou tens confiança ou não tens. Não tens! Pensas que sou parvo?! Não tens. Está bem, esqueci a gravata, que prova isso? O teu problema é não pensares, não exercitares essa pouca inteligência, arduamente, entre pilhas e pilhas de processos amontoados sobre uma secretária… Barafustas, reclamas, desconfias por dá cá aquela palha, sem qualquer fundamento. Mas...
- Mas o quê?! Hã… mas o quê, meu Casanova de pantufas e… com sintomas graves de Alzheimer…? !Quero lá saber da gravata. Quero lá saber das pintinhas cor de mel da tua secretária. Quero… o divórcio!
- Mas…
- Agora falo eu, meu imitador barato do último moicano. Pensaste, e será que tanta energia física despendida com ou sobre os dossiers… te deixam perceber que eu não estou preocupada com a gravata que deixaste no escritório? Parvo! Sabes quantas gravatas já esqueceste, nestes últimos meses, no escritório?
- Mas…
- Nem imaginas, não é? Dúzias! Às bolinhas, às risquinhas, aos quadradinhos… Dúzias! E de cada vez que uma dessas decadentes gravatas ficava esquecida, por excesso de trabalho, sobre a tua secretária, imaginas, por acaso, o que eu, a mosquinha morta, sofria com a tua promiscuidade laboral?
- Mas…
- Cala-te. Vais dizer que me amas, já sei. Certamente mais do que há vinte minutos, ou seja, desde que chegaste a casa - calado que nem uma múmia - te dirigiste ao roupeiro e tiveste a grande lata de dizer – “ Onde estão as minhas gravatas? Parece que alguém as fez desaparecer... Um gajo farta-se de trabalhar e a madame nem consegue ter a roupa do criado minimamente apresentável… porra! Estou farto!”. Estás farto?! Tu?!
- Mas..
- Mas, meu querido, eu estou mais: M.A.I.S - Mulher Aturando Infidelidade Secular! Alguma vez reparaste se eu tinha sinaizinhos cor de mel em alguma parte do corpo? Hem? Faz as malas, sai, desaparece. Ah… em caso de desespero, escravo do dever, enforca-te com a gravata que deixaste no escritório… em cima da secretária, certamente... de P.V.C.!
- …???... ???
- Para Verdadeiros Canalhas!

AMS