sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Acrobacias

De palavra em palavra,
de oportunismo em oportunismo
salta com a agilidade felina
de um acrobata circense
que, numa exibição montanhosa
de vaidade, simétricas redundâncias,
astuciosamente desencanta piruetas,
jogos de cabra-cega,
num voltear de bem pensâncias,
soberbo no seu triunfo,
como quem julga dominar o mundo.

Mas o não previsto,
o nunca visto, acontece!

O herói lança-se,
numa apoteose derradeira,
estonteando quem o rodeia,
sobre a rede que não alcança,
caindo, directamente,
no vácuo da desconfiança.

Deliciosamente ridículo,
deliciosamente acompanhado
de ais banzados, olhos esgalhados,
de pirueta em pirueta,
de acrobacia em acrobacia,
deixando o público suspenso
num silêncio imenso
de quem acaba de ver, constatar
que o artista, afinal,
num show impossível de igualar,
dera o salto imprevisto, genial,
sublime e... mortal.

AMS