quinta-feira, novembro 02, 2006

Porquê?!

Rostos assustados,
Amputados de sonho e futuro,
Olhares perdidos, vidrados,
Tão frágeis ante o absurdo macabro
Do que não compreendem.

E vós, os poderosos,
Os das mãos pesadas de sangue,
Vós que não contabilizais vidas,
Apenas balanços rigorosos do petróleo,
Vós, senhores da vaidade e da arrogância,

Sim, vós!

Que sabeis do desespero,
Da cicatriz da morte passeando-se
No silêncio aflitivo da alma,
Das esperanças cimentadas,
Dos gemidos carbonizados,
Da angústia esquelética,
Das lágrimas metralhadas
Das crianças que, inocentes dos vossos erros,
Vítimas da vossa moral
Obscena de equívocos e simulações,
Experimentam o sabor negro da morte
Que as cerca, que as abraça com as armas
Egocêntricas da vossa cegueira?

Que sabeis dos seres indefesos,
Atados à vossa ambição
E à vossa nefasta loucura?
Com que repulsivas palavras,
Senhores, ireis amordaçar o peso
Insustentável do seu

Porquê?!

AMS