segunda-feira, dezembro 18, 2006

Natal

ACONTECIA. NO VENTO. NA CHUVA. ACONTECIA./ ERA GENTE A CORRER PELA MÚSICA ACIMA./ UMA ONDA UMA FESTA. PALAVRAS A SALTAR.

ERAM CARPAS OU MÃOS. UM SOLUÇO UMA RIMA./ GUITARRAS GUITARRAS. OU TALVEZ MAR. NO VENTO. NA CHUVA. ACONTECIA.

NATAL NATAL (DIZIAM). E ACONTECIA./ COMO SE FOSSE NA PALAVRA A ROSA BRAVA/ ACONTECIA. E ERA DEZEMBRO QUE FLORIA (...)


Manuel Alegre


Uma vez mais o mundo entoa Natal! Natal!Natal!
Há homens que vivem esta época numa atmosfera cintilante de banalidades. Têm em demasia o que falta aos outros. Deturpam o verbo amar - esquecendo os gestos de partilha - emaranhados nas teias espessas do egoísmo, da futilidade e de um tempo de perdas.
Outros há - e tantos - que, na escuridão da sua solidão amarga, persistente, duradoura, apenas ouvem entoar a palavra INJUSTIÇA, a palavra PRECONCEITO, a palavra ABANDONO, a palavra DESABRIGO, a palavra ESQUECIMENTO, a palavra DESAMOR.
É urgente que o Natal aconteça em cada um de nós. Que o tempo de perda seja um tempo de encontro. Que o tempo de esquecimento seja um tempo de abraços.
E porque a amizade é um sentimento - o maior - onde se acolhe a respiração do outro, não esqueçamos o seu toque. O da ternura. Sim, o da ternura.

AMS