sábado, dezembro 16, 2006

O senhor dos anéis

Não, não se trata de mais uma saga da famosa trilogia. Em boa verdade, nesta breve croniqueta, não entram trolls, elfos, aranhas gigantes, orcs e outras criaturas fantásticas. A figura principal, um misto de Smeagol, Saruman e Calisto Elói é, na realidade, um homem, aparentemente comum, daqueles que se cruzam connosco num elevador, por exemplo. Apenas com uma subtil particularidade, uma mania bizarra, hilariante, tipo "American dream". Esta avis rara tem, por vezes, acessos delirantes de sapiência, versatilidade e divina inspiração. Julga-se uma espécie de cruzamento genético, um cocktail misturando Baptista-Bastos - sem laço - Miguel Esteves Cardoso - sem tiques - Harry Potter - sem vassoura - e homem invisível - sem truques ou magia. Polémico, metediço, trama, na macieza da cama - e na agrura das insónias - as mais "uanderful" historietas, as aparições menos desejadas, as críticas mais acutilantes - pensa ele - e o mais sensaborão dos discurso - “Belarmino”, comparado aos seus “ensaios”, surge como um grandioso argumento de capa e espada. E o pior, o pior é que nunca se satisfaz e tem um apetite ávido por “admiradores” incautos e inócuos, mas sempre dispostos a lançar um OHHHHH de preito, adoração, bajulação. O equivalente, creio, ao superlativo absoluto de "este tipo é mesmo muitA bom!".
Convencido, arrogante, amoral , desconhecendo - conveniente e conscientemente - os seus domínios e limites, arroga-se o direito de enganar, gozar, ludibriar ciente de que, qual Cavaco Silva, nunca se engana e raramente tem dúvidas.
Como este senhor dos “anéis” há, certamente, outros senhores - ainda que sem anéis. Já diz o ditado: vão-se os anéis, fiquem os dedos… Não consta, porém, nenhuma obra com o título singular de “O Senhor dos Dedos”. Assim sendo, volto à bijuteria...
No entanto, quem sabe se, por total ironia do destino, um pequeno e humilde hobbit, fará tombar - qual David - as mascaradas deste suserano e, consequentemente, remeterá, para a estante dos livros esquecidos, a famosa e conceituada saga literária. Será, então, o fim? Estão enganados. Nem sempre o vilão é um verdadeiro mau da fita e de Saruman a anjo a distância é curta, meus amigos. Basta uma queda, uma simples queda e… temos um anjo depenado, desmascarado... mas gloriosamente convencido da sua inteligente superioridade. Seja como for, há-de sempre safar-se. Com ou sem anel - embora seja um nadinha diferente, advirto. Fica ao gosto do leitor.

AMS

Nota: Qualquer semelhança com a realidade... é isso mesmo. Realidade!