domingo, junho 18, 2006

Ribeira

Gosto da deambular pelo esquecimento
das velhas ruas da velha e sempre
eterna Ribeira, prenhe de vida, cheiro
a comida, palavrões, esplanadas de cerveja,
turistas, casas de pecado apelando ao paraíso,
restaurantes de boa fama para intelectuais baços
e poetas com halo respirando e inspirado-se
no Douro que, indiferente a esta amálgama, trespassa
o coração e os ossos com a sua alada neblina.
A Ribeira conta-nos sempre uma história
diferente: ora sórdida, de amores desencontrados,
enganados; ora dolente, gasta de sonhos por usar.
Gosto de deambular pela lenda sempre viva
da Ribeira e voar, como as gaivotas,
sobre as suas águas cintilantes de tragédia
e história, rosto do velho burgo que navega,
orgulhosamente, num barco rabelo, tendo à
proa a lealdade e nobreza da sua gente.

AMS