sexta-feira, outubro 20, 2006

perfeito imperfeito

Não gosto do pretérito perfeito.
(Eu amei, tu amaste...)
Soa-me a passado liquefeito
Na aridez desgastante do tempo.
Ecoa como destino desfeito,
Sem presente, sem futuro, sem sustento.

(Eu amei, tu amaste…
Eu errei, tu erraste...)

Ambos diluídos em sonhos separados,
Capítulos por nós descurados
Da gramática imprevista da vida,
Que urgia aprender, sentir, partilhar,
Para assim, em modal sintonia,
Conjugarmos a intemporal melodia
Do perfeito imperfeito verbo amar.

(Tu amaste, eu amei...
Tu mudaste, eu mudei…)

Vamos recomeçar a lição,
Dando voz iterativa ao coração?

AMS