terça-feira, outubro 17, 2006

A culpa é dos genes

Pois é. Tudo mudou e nada mudou. A culpa é dos genes, claro. E da sobrevivência da espécie, ora pois.
A teoria é velha e quase juraria que a minha bisavó a conhecia, muito embora ignorasse a existência dos invisíveis - mas poderosos e influentes - genes. Para o caso tanto faz. Até porque a minha bisavó já morreu. Só não morreu a tal diferença ditada pela diferença. O problema é que parece que a dita vai manter-se hereditária ou até mesmo eterna.
As voltas que a vida dá. Dará? Vou tentar explicar o meu ponto de vista. Isto, está claro, se me for concedido tempo de antena. Porque a diferença pesa...
Sabem, realmente, onde reside a tal diferença? Não, não é só aí... O cerne da questão é muito mais complexo e, como é óbvio, reside nos genes, como, sabiamente, explicam os doutos cientistas. Senão vejamos: os dos homens estão programados para domarem a "ferazinha" que há em todas nós, mulheres; já os das mulheres - sorte a nossa em nos consentirem ter genes - estão permanentemente a ser reciclados no sentido de compreenderem a tal questão da sobrevivência da espécie. E não só. É através deles que nos é permitido descobrir, sempre com paciência, carinho e toneladas de compreensão o... coraçãozinho gentil e ternurento que há em cada homem. E há sempre. Só que as coisas nem sempre são o que parecem. Aliás, basta o clube do seu contentamento lhes ofertar uma grandiosa derrota, logo o coraçãozinho fervilha de raiva, revelando o lado oculto, mas sempre pronto a despertar, do "caramelo": violento, narcísico, manipulador, machista, radical, imaturo e, sobretudo, com um retorcido sentido de justiça.
Não quero com isto afirmar que todas as mulheres sejam inocentes "Belas Adormecidas". Longe disso. Não é por acaso que, cada vez mais, o sexo fraco se debate com problemas de sono e o hábito de contar carneiros se tornou uma espécie de ritual – ainda que de um tédio cósmico. Mas, enquanto houver “Madames Butterfly” dispostas a deixarem-se levar na cantiga - do Pinkerton? Qual quê! Esse, já todas sabemos que foi comprar cigarros e só voltou ao fim de vários anos… - dos genes e da sobrevivência da espécie, haverá sempre “Rodolfos”, com palavras cheias de açúcar, poemas em que coração rima com meu torrão e outras tisanas de igual teor balzaquiano, convidando-as para uma valsa indolente e em que, assumida e naturalmente, controlam os passos, voltas e reviravoltas, já que as ditas “sonolentas”, segundo relata a história, se encontram em estado de pura letargia.
A este embalar – muitas vezes descompassado - mas sempre sob ordem de comando, diria a minha bisavó - se fosse viva - tratar-se do famigerado e obsoleto machismo. Os homems, esses, dirão, tratar-se de um acto abnegado de pura protecção/orientação… para com os mais fracos e desprotegidos. Eticamente manipulado? Talvez… Mas quem nos manda a nós, mulheres, tentar dissertar sobre o genoma humano?!

AMS